Diagnóstico revela desafios e potencial da zona norte de Caxias do Sul
Estudo entrevistou 732 famílias de sete bairros em 2023
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A Fluência Casa Hip Hop e a Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac) promoveram a divulgação dos resultados do Diagnóstico Territorial da Zona Norte de Caxias do Sul, conduzido pela Fluência Casa Hip Hop em 2023. O evento ocorreu na sede da instituição em 22 de fevereiro de 2024, buscando discutir estratégias para abordar os desafios identificados. A participação de todos foi essencial para discutir as demandas da comunidade e buscar estratégias para abordar os desafios identificados.
O diagnóstico, elaborado por assistentes sociais e baseado em entrevistas com 732 famílias de sete bairros da região: Belo Horizonte, Canyon, Centenário, Colina do Sol, Fátima, Santa Fé e Vila Ipê, teve como objetivo oferecer uma visão abrangente e dinâmica da zona norte, identificando suas potencialidades e reivindicações significativas da comunidade. Além disso, relacionou trabalho e renda dos moradores, listando as principais demandas e os motivos que levam as pessoas a viverem no local.
Os resultados revelam que 60,5% dos moradores entrevistados são mulheres. Em relação à composição étnica, 53,5% declararam-se como não brancos. Embora 49,7% morem no local por não terem outra opção ou por residirem com familiares, 91,3% afirmam sentir-se pertencentes à comunidade.
Conforme os resultados da pesquisa, a maioria dos entrevistados possui vínculo empregatício, com 338 respostas, correspondendo a 46,1% do total. Na época da coleta de dados, 139 indivíduos estavam desempregados, enquanto 71 relataram estar envolvidos em trabalhos informais. Além disso, constatou-se que 36% das famílias pesquisadas dependem exclusivamente da renda de apenas um membro para sustentar o lar. Esses números refletem a realidade econômica dos participantes da pesquisa.
Segundo dados levantados, 208 dos responsáveis familiares possuem ensino médio completo, indicando uma parte significativa da amostra. Por outro lado, 144 entrevistados estudaram até o último ano do Ensino Fundamental. Essas informações revelam a distribuição da escolaridade entre os chefes de família e contribuem para compreender o panorama educacional na região.
Conforme os dados coletados, observa-se que 27,3% das famílias são compostas por três pessoas, seguidas por núcleos de quatro integrantes, representando 22,8% do total. A pesquisa também revela que 277 entrevistados, correspondendo a 37,8%, identificaram a mãe como a responsável familiar. Além disso, destaca-se que uma parcela significativa, equivalente a 89%, desfruta de uma boa convivência familiar, enquanto 88% relatam realizar suas refeições em companhia de familiares. Em relação à moradia, constata-se que 504 pessoas possuem casa própria, representando 68,8% da amostra, enquanto 20,9% precisam pagar aluguel. Outro dado relevante é que a maioria dos entrevistados (31%) reside no bairro há 21 anos ou mais, indicando uma estabilidade residencial entre os participantes. Esses números fornecem insights importantes sobre as dinâmicas familiares e habitacionais na região.
Segundo os resultados da pesquisa, 281 dos entrevistados identificaram-se como católicos, enquanto 220 relataram ser evangélicos. Além disso, 111 pessoas afirmaram não possuir religião. Esses números fornecem um panorama sobre a diversidade religiosa na comunidade estudada, destacando a predominância das vertentes católica e evangélica, bem como a presença de uma parcela significativa de pessoas sem filiação religiosa específica. Esses dados são relevantes para compreender a dinâmica cultural e religiosa do contexto local.
Há interesse em atividades culturais, como indicam os 91,3% que gostam de música e os desejos por oficinas de capoeira (21,6%), dança (18,3%) e hip hop (15,4%). Entre os entrevistados, o gênero musical mais apreciado é o sertanejo, com 42,7% das respostas, seguido pelo gospel, com 23,2%, e pelo hip hop, com 14,6%. Por outro lado, o rock, a música gaúcha e o pagode são os menos populares, sendo mencionados como preferência por 58, 41 e 21 moradores, respectivamente. Em relação às atividades de lazer durante o fim de semana, 55,6% das pessoas relatam permanecer em casa, enquanto 34,9% visitam familiares e 31,9% assistem televisão. Apenas 23,7% afirmam sair com amigos, e uma minoria de 3,2% declara frequentar parques, totalizando 24 pessoas. Esses dados fornecem uma visão abrangente dos hábitos culturais e de lazer dos participantes da pesquisa.
Ao serem indagados sobre o meio de transporte utilizado para deslocar-se pela cidade, 75,5% dos entrevistados afirmaram utilizar o transporte público municipal. Quanto aos desejos para o desenvolvimento de seu bairro, 22% optaram pela ampliação ou revitalização dos espaços de lazer e cultura. Melhorias no transporte público foram apontadas como prioridade por 15% dos entrevistados, mesma porcentagem que selecionou a busca por mais segurança e melhorias/ampliação dos serviços de saúde. Esses resultados refletem as demandas identificadas pela comunidade e contribuem para direcionar possíveis iniciativas de melhoria na região.
O mapeamento subsidiará novas ações do projeto “In.Fluenciando a ZN”, que visa fortalecer a dinâmica cultural da região por meio de atividades formativas e produtivas. Segundo Kamila Bazzo, psicóloga e uma das coordenadoras da Fluência Casa Hip Hop, instituição responsável pela condução do estudo, o conteúdo apresentado é de extrema importância, sobretudo para as autoridades públicas. “Trabalhamos com a Cultura Hip Hop como instrumento transformador da realidade social, isso inclui pensar no nosso território como um espaço dinâmico, onde as relações de poder estão em constante interação, refletindo desigualdades e marginalização de grupos e indivíduos. Em cima disso, entendemos que, nesta amostragem de 732 famílias analisadas, os dados coletados retratam os problemas sociais, políticos e econômicos que refletem a realidade da região norte, que reivindica sistematicamente por melhorias no território. Este diagnóstico é um ponto de partida para a comunidade e para os serviços que atuam no território, pois foi construído a partir de demandas reais da comunidade. O poder público pode usá-lo e aprimorá-lo, a fim de construir e aperfeiçoar políticas públicas embasadas nas demandas da população caxiense.”
Segundo Cristina Nora Calcagnotto, secretária municipal da Cultura, estudos sérios, como a pesquisa da zona norte, são ferramentas essenciais e demonstram a influência da cultura na sociedade. “Nosso sentimento reforça a necessidade de mais indicativos para potencializar nossos esforços. Sem números baseados em pesquisas sérias, não podemos afirmar o poder da cultura na sociedade. É crucial saber que as pessoas veem cultura e lazer como escapes diários e reconhecem sua importância em suas vidas. Apesar de multiplicarmos recursos para ações culturais em toda a cidade, ainda são insuficientes para o tamanho de Caxias. Reconhecemos que nossas ações são importantes e deixam resíduos na transformação da sociedade. Continuaremos desenvolvendo políticas públicas para avançar em diversas áreas artísticas, compreendendo o impacto positivo que têm na vida das pessoas, refletindo na segurança, saúde e educação. Esta pesquisa foi uma bela iniciativa, fornecendo diagnósticos para direcionar nossos esforços onde são mais necessários.”
A pesquisa concluiu que, apesar das dificuldades, a zona norte produz estratégias de convivência e lazer, destacando a criatividade e resistência do território. No entanto, são necessários investimentos públicos em áreas como cultura, saúde e assistência social para qualificar o atendimento às demandas locais e promover o desenvolvimento socioeconômico.
O Inova RS Serra Gaúcha está representado pelas gestoras de inovação e tecnologia Milene Rostirolla e Silvia Nunes. Representando a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia, esteve presente Michel Couto, assessor do gabinete. Pelo RS Seguro, participaram Giovana Mazzarolo Foppa e Carla Catarina Cardoso, assessoras do programa que é vinculado ao gabinete do governador.
Saiba mais:
Breves Elementos para Análise Diagnóstica Territorial da Zona Norte de Caxias do Sul [https://drive.google.com/file/d/1RvR7jy70Fv-hY7ZI4035bkYrPUbI93s0/view?usp=sharing]